domingo, 30 de março de 2008

Droga Antiga

Eu sou um vício

Eu te consumo, te estrago, te perturbo, te alivio

Ao mesmo tempo em que te dou prazer, lhe trago as dores de cabeça

As noites sem dormir, os dias inquietos, a impaciência incessante

As perguntas sem respostas, a dúvida freqüente, o êxtase

Eu sou o seu vício e você sabe disso

Mas mesmo assim insiste em me buscar,

Pois apesar dos problemas que causo, você não vive sem mim

Eu sou aquele que te faz sofrer desesperadamente

Te obrigo a fazer loucuras e a cometer injustiças

Te adoro, te espero e nunca te abandono

Não estou nem aí se você estará preparada ou não

Eu simplesmente sou, existo e não há como se livrar mim

Não há clínica de desintoxicação nesse mundo que possa libertá-la

Os melhores remédios pouco me atingem

E doutor algum irá saber a resposta para tanto

Eu sou o câncer que te consome

O que devora sua carne de dentro pra fora

Ataca seu sistema nervoso te deixando inquieta

Te faço ficar gravemente doente

Mas ao mesmo tempo lhe mostro o remédio

Remédio esse que é uma parte de mim

Como o veneno curando o próprio veneno

Não adianta correr, eu irei te buscar onde estiver

Quanto maior a distância, mais forte ficarei

Mais intensa será minha ação sobre sua alma, sobre seu corpo

Você irá chorar, implorar e pedir para que eu a deixe em paz

Irá procurar outros vícios para tentar me substituir

Porém será pior, pois é nessa hora que estou ainda mais presente

Que faço jus ao meu nome, à minha existência milenar

Eu sou o seu reino, o seu tudo

Ao mesmo tempo em que te construo, posso te destruir

Do mesmo jeito que sou céu, posso ser nuvens

Da forma que te dou o meu sangue, posso roubar o seu para mim

Eu estou aqui, ao seu lado, sem que você possa me ver

Já me apossei da sua alma como um parasita

Vivo da sua existência, do seu dia-a-dia, das suas ações

Me alimento exclusivamente de você, sem mesmo saber

Ainda sabendo que estou aí

Sou vírus antigo e que não tem cura, pois você é humana

E enquanto for dessa espécie irá buscar por mim todos os dias

Irá me encontrar nos lugares mais simples, onde complicarei tudo

Irá sair comigo, dormir ao meu lado, me escrever sempre

Você irá brigar por mim, se rebelar por mim e até matar por mim

Mas nunca deixará que eu vá embora

Pois embora tente não me querer, eu sou seu vício, seu reino, seu tudo

Eu preciso de você e você não pode viver sem mim

O meu nome é amor e eu vim para ficar ao seu lado até o fim.

sábado, 22 de março de 2008

Loucuras da vida

Eu gosto de ver a vida de outra forma. De saber que nada é impossível e que o mundo dá voltas. De ver as pessoas errarem e tentar ajudá-las, de me enxergar fazendo besteira e saber que sou assim mesmo.

Eu gosto de voar. Se pudesse pediria a Deus para nascer com asas, mas não as de passarinho. Asas de águia, pois elas voam muito mais alto e podem ver o mundo como talvez nenhum humano viu: sem ajuda de máquinas.

Vocês podem me achar maluco, pensar que estou divagando, mas alguém aí já parou para pensar? Não pensar em soluções para problemas, nem nos porquês do universo, mas simplesmente pensar em si.

Pensar nas oportunidades que um dia perdeu, nas chances que ficaram para trás, nas bobagens que cometeu, nas idiotices que falou, nas vezes que fez alguém rir ou chorar, nas próprias tristezas e o que aprendeu com elas. Aposto que já, não é? Mas e aí? O que fez com isso?

Eu penso todos os dias. Às vezes sento num lugar quieto e calmo, de preferência meu quarto, e fico em silêncio, por horas. Outras eu saio a passear e pensar, sem desejar encontrar ninguém, apenas a mim mesmo, como se fosse um momento de centrar minhas idéias, meus sentimentos, minha vida.

Aí sempre me perguntam como eu consigo lidar tão bem com meus problemas? Como não transpareço estar triste ou sofrendo? Simples. Encaro tudo de uma forma positiva, como aprendizado, nunca como maldição.

Sei que a vida nos trás coisas agora para sabermos como lidar com elas depois. Se hoje dói é porque amanhã estará curado. Uma vez sabendo o remédio, você tem o poder de curar o próximo.

Perdi a conta das vezes em que ajoelhei e pedi a Deus milhares de explicações e tudo o que ouvi foi: tenha paciência e aprenda a esperar a hora certa! É mole? Não, não é. Benção antes da hora é maldição.

Hoje tenho essa paciência não é atoa. Aprendi muito com meus erros e topadas e ainda aprendo, constantemente. Em algumas situações me vejo responsável pela vida de outras pessoas e em outras me sinto apenas mais um em meio a muitos.

Certo dia uma grande amiga me disse que meus textos serviam de inspiração para a vida dela. Daí tomei consciência da tamanha responsabilidade que posso vir a ter sobre alguém. Seja com palavras, seja com minha amizade, seja com meu amor.

Nunca imaginei significar tanto, mesmo porque meu blog não possui tantos acessos. Porém percebi que não é a quantidade que faz a importância e sim a forma como tocamos cada um. Quando invadimos a vida de um ser passamos a fazer parte de seu mundo.

Hojé encaro as coisas de outra forma. Me dediquei a não odiar mais ninguém e isso me faz bem. Me dediquei a tentar amar a todos e isso me faz bem. Mesmo uns me achando louco, maldizendo impossibilidades em minhas atitudes, eu me sinto bem assim.

E sei o quanto minha vida mudou quando passei a agir de tal forma. Quando eliminei do meu coração as reações negativas. Não foi e, confesso que, ainda não é fácil. Resistir à tentação humana dos desejos de vingança, raiva, remorso é difícil e requer muito esforço.

Não tenho religião, não sigo nenhuma espécie de culto ou qualquer coisa do gênero e pretendo nunca ter. A única certeza que tenho é que Deus está comigo sempre e cada passo que dou sinto como se meu chão ficasse mais firme e minha direção mais nítida.

Agora agradeço pelas coisas que tenho, pelas oportunidades, pelas pessoas que passaram, passarão e um dia retornarão a minha vida e por tudo o que sou capaz de fazer e construir.

Já disse a muitos que não sou santo, não sou anjo e estou longe de ser bonzinho. Cometo erros, também fraquejo aos pecados, um dia sou rude, outros estou puto, mas sempre procuro não atacar ninguém. Quando o faço, peço desculpas e procuro me redimir da melhor forma.

Na real, uns me amam, alguns me odeiam e para outros é indiferente. Não importa. Não importa como os outros vivem, como acordam de manhã ou o que falam. O importante é como eu sou. Não podemos exigir dos outros o que eles não têm para dar. Portanto, não julguemos.

Vou seguindo a vida. Caminhando e cantando. Se sou louco, então falo aqui que "eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo".

domingo, 16 de março de 2008

Oração aos enamorados

Pai eu lhe peço que proteja os que amam

Proteja sempre e com todas as forças para que nunca se esqueçam

Que amar é a cura para todos os males

É o remédio para as dores de cabeça provocadas pelas brigas

O consolo para as noites de solidão

Aconchego para os dias de espera

Sol para os meses de inverno

Pai eu te peço mais ainda que proteja os que não amam

Os que não têm forças para amar

Ou que não sabem quando o amor bate em sua porta

Eu lhe peço que os cure

Abrace-os mais forte do que os outros

Pois eles precisam de você,

Mais do que qualquer um pode entender

Pai eu lhe peço que me ajude a não ficar cansado

A estar disposto a lutar e perseverar sempre

A conseguir cuidar do meu amor como deve ser cuidado

A afastar os perigos da mesmice e da comodidade

Alegrar cada dia com um “bom dia” como se fosse o ultimo

Pai, por fim eu lhe peço

Que me faça sempre acreditar nas palavras que acabo de dizer

Pois a maior dificuldade em amar é entender que

As coisas não dão certo por falta de amor

Mas sim por excesso de razão.

domingo, 9 de março de 2008

O vento

Eu gosto do vento. Aprecio a maneira como toca meu rosto, como me faz sentir livre. Adoraria estar sempre em um conversível na rodovia ou em uma moto passeando pela orla da praia. Gosto como o vento me faz lembrar os momentos.

Alcançar a realidade que um dia foi como se ela jamais tivesse partido. Faz-me sentir saudade dos invernos quentes ou de um verão frio. Das roupas molhadas e dos dentes batendo depois da chuva imprevista.

Eu gosto do vento porque o consigo imaginar como um grande lençol de seda invisível que nos toca a cada momento, bem quando nós precisamos. Ou ainda quando precisam que nossos olhos se encham de areia.

Apesar de tudo eu gosto do vento. Ele parece levar e trazer nossa alma, como em um balanço eterno que a gente não pode ver, mas que pode nos derrubar. Basta subestimá-lo que num instante estará no chão ou num abismo sem fundo.

O vento passa por mim sempre. Seja como uma brisa ou tempestade. Cada vez que o sinto é como se renovasse minha vida, como se levasse embora todos os sentimentos ruins, como se me dissesse que eu ainda posso voar.

Por isso gosto de altura. É nos lugares mais altos que sentimos o vento mais puro, em sua temperatura original, com sua voracidade e violência doce. É a forma como podemos respirá-lo e senti-lo entrando em nossos pulmões, purificando-os.

Às vezes eu não gosto do vento. Ele me trás lembranças boas, mas essas doem em meu coração. São histórias inacabadas que talvez nunca tenha a chance de por um ponto final. E isso é pior do que se nunca tivesse acontecido.

Nessas horas eu caio. O vento me empurra e me arrasta pelo chão, fazendo feridas e abrindo mais ainda as que já estavam ali cicatrizando. Aí eu odeio o vento. Mas quando o odeio ele parece que muda de direção.

Como se me dissesse para abrir meu coração e deixar que limpe a sujeira que há nele. Então eu me acalmo, paro, penso e ouço. Como se Deus falasse comigo. Sinto, absorvo e faço. Depois disso, meu coração já está limpo.

Longe de toda impureza, de toda tristeza e de toda maldade. Limpo para que continue firme e amando sempre. Para que possa continuar dizendo eu te amo sem me preocupar em receber o mesmo.

Eu adoro o vento. É ele que me mostra os caminhos certos e renova meus sentimentos. Transforma a tristeza em alegria, o rancor em amor. É ele que se estende até minha amada, como extensão de meus braços e a toca, protege e avisa que ainda estou ali.

Eu amo quando venta. Porque sei que ele não apenas me toca, mas busca todos os que amo e os liga a mim. Por isso me fortaleço e levanto sempre. Pois mesmo não tendo o amor de ninguém, amo a todos como se todos amassem a mim.

domingo, 2 de março de 2008

Recordações

Eu estive lembrando hoje de alguns momentos bons. Parei para lembrar as suas risadas, parei para lembrar os seus olhos cor de mel e do jeito que seu lábio inferior salta lindamente quando você sorri.

Lembrei dos dias frios, em que nenhuma roupa era vestida, mas as peles encostadas nos faziam suar. Lembro do teu sambinha improvisado de carnaval, com um pijaminha de pequenos casais unidos de amor.

Lembro das macaquices na cozinha, das cosquinhas na caminha improvisada no chão e depois um beijo forte explodindo de paixão. Beijo esse feito de mel, cujo sabor só existe o seu. Beijo que somado ao toque de seus dedos finos e macios proporcionam momentos únicos.

Imagino a sua voz, que é um pouco distorcida, faltando algumas notas para afinar, mas que soa docemente sussurada quando me conta histórias e causos dos lugares que passou, apenas para me informar da vida que um dia levou sem mim.

Lembrei que o seu gesto mais lindo e puro foi quando você mencionou a Arca de Noé. Quando você me mostrou a Valsa Para Uma Menininha e disse que a cantaria para sua filhinha dormir. Eu quase chorei. Quase chorei por perceber a pureza de um coração que há anos palpita escondido.

Quase chorei por saber que ali se esconde uma Menina Com Uma Flor e que na verdade está rodeada de espinhos, não conseguindo sair. É, minha linda, amar não é fácil. Às vezes dói, dói muito. Mas nos momentos alegres cura qualquer sensação desagradável que possa existir.

E é por isso que eu te amo sempre. Pois sei que no amor há tempestades, com raios e trovões, mas que não duram eternamente. E quanto maior a tempestade, melhor o arco-íris que se formará no horizonte.