domingo, 15 de junho de 2008

Eu sempre quero mais

Eu sempre quero mais. Quero mais dinheiro, mais fama, mais prazer, mais dor (aos outros, é claro), mais justiça, mais honestidade, mais tranqüilidade, mais paz, mais mais mais e mais.

Não nos cansamos de pedir mais, de querer nos lotar de coisas sem utilidades, de querer mostrar ao próximo seu carro novo ou sua casa na praia recém construída. Mas pra quê? Qual o objetivo disso tudo? Status? Arrogância? Síndrome de superioridade?

Que coisa mais mesquinha! Em vez de nos contentarmos com o que temos e agradecermos pela forma que vivemos bem, sempre estamos olhando por cima de tudo. A grama do vizinho sempre é a mais bonita, a mulher dele é mais gostosa, a piscina é maior.

Acabamos esquecendo o que está dentro de nós mesmos, dentro de nossas casas, do que conquistamos até agora. E no final somos um amontoado de prêmios, coisas e mais coisas, como num sótão cheio de sucatas sem serventia.

É inevitável que necessitemos crescer, nos desenvolver, aprender e melhorar. Porém a melhor lição de vida é aquela que é escrita por nossas mãos e apreciada por nossos olhos. Quando você passa a escrever por escrever, a apenas construir sem aproveitar, a única coisa que está fazendo é empilhar objetos.

Para se construir uma boa casa, segura e confortável, são necessários bons alicerces. Firmes, fortes e bem equilibrados. É necessário colocar as plantas certas no jardim, para que não tenha infiltrações de raízes. A iluminação correta valoriza o ambiente e espanta os bandidos. Os cômodos bem divididos facilitam a locomoção e evitam acidentes.

Pode parecer bobeira, mas imagine quando você constrói algo apenas para mostrar que tem. Para esnobar o vizinho ou seus amigos. Esse algo não tem planejamento, não possui estrutura alguma. Está lá, apenas. Existe, mas não pertence a ninguém.

Quando queremos sempre mais, estamos sendo apenas um nada. Não significamos nada além da mera existência física, apenas ocupamos espaço e bem pouco.

Toda a vez que eu penso em pedir mais, em querer mais do que já tenho, sempre me pergunto: Será mesmo que eu preciso? Quantas pessoas não têm nem a metade disso tudo? Quantos não têm sequer a idéia do que é ter alguma coisa?

Nessa hora eu me calo, me aquieto e valorizo-me sempre mais. Em vez de comprar um Ipod, compre um livro sobre algo inusitado. Aprenda sobre as teorias do Universo, sobre física quântica, culinária, bichos esquisitos, Stephen Hawking, Darwin e outras tantas coisas que terão mais utilidade em sua vida do que um simples gadget eletrônico.

Reveja prioridades, saia para dar um passeio e, quando parar nos semáforos, preste atenção naqueles pedintes, malabaristas, vendedores de Halls e capinhas de celular. Muitos deles têm 10 anos a menos que você e 10 motivos a mais para reclamar ou querer um pouquinho mais de dignidade.

É duro ler isso. É fácil pensar: Mas eu não posso fazer nada! Não vou dar dinheiro! Não gosto de programas sociais! Sou inocente!

E nem precisa. Esses não querem a sua compaixão. Querem apenas atenção. Que você os encare como seres humanos tão dignos quanto alguém que é capa da revista Times. Não diga nada.

Assim, quando for comprar aquela calça jeans de 400 reais que está na moda, pense que tem alguém no mundo precisando daquela sucata da coleção passada que nunca mais será usada.

Depois dessa, não preciso dizer mais nada. Faça do seu entulho, tijolos e cimento. E reforce as bases estruturais da sua vida para que, no futuro, você aproveite do seu lar doce lar, sem mais, nem menos.

domingo, 8 de junho de 2008

Amor genérico

Amar não é uma tarefa fácil. O amor é uma obra de arte que só entende o valor quem também é artista. Amar é prática, conquistas e derrotas, altos e baixos, brigas e perdão.

Da mesma forma que existem diversos tipos de artistas, também existem vários amores e formas de vivenciá-los e interpretá-los. O amor dos pais, dos namorados, dos casados, dos irmãos, dos amigos.

E como tudo nesse mundo hoje é genérico, também temos uma alternativa, não mais barata, porém eficaz, para o amor. O amor genérico. Não tem marca, mas quem o produz é sempre o melhor fabricante.

O preço desse é baixo. Quem o consome não gasta quase nada, apenas um sorriso ou, quando há gorjeta, um “obrigado”. Já quem o produz se cansa, se ajoelha, sofre e trabalha 24 horas sem parar.

Esse é o amor que Jesus nos deu. O amor genérico, gratuito. Amar ao próximo como a si mesmo e pedir muito pouco ou quase nada em troca. Adorar. Não no sentido de exaltar e sim se curvar e dizer: “Muito obrigado. Tu também estás em meu coração.”

Hoje percebo esse amor e cada vez que tento odiar alguém, lembro das chibatadas que Ele levou, apenas para nos salvar dos pecados. E mesmo depois de todo o sofrimento, dizer: “Pai, perdoai-vos; eles não sabem o que fazem”

Não sei se faria o mesmo. Acredito que minha reação principal seria atirar todas as chagas contra esse povo ingrato que, por sinal, somos nós. Volta e meia esquecemos o valor daquele sangue derramado, a graça de se doar sem pensar em receber o mesmo de volta.

Às vezes me pego com raiva de algumas pessoas que, por mais que rezem, não vivem aquilo, não incorporam as palavras em seu coração como lei a ser seguida. O fazem apenas com o intuito de pensar que terão um pouco mais de “moral” em seu momento final.

Ledo engano. Graças ao nosso Pai que não nos julga pelo tempo que passamos agradecendo e sim pelos valores que temos dentro de nossos corações. Ja disse alguém conhecido:

“Ser santo nada tem a ver com quantos terços rezamos, com o tempo que permanecemos na capela ou mesmo com a forma como somos engajados em atividades cristãs. Ser santo é uma questão de ter o coração transformado em um coração de amor! Meu valor reside no que DEUS vê em mim e não o que as pessoas acham de mim.”

Ele nunca pediu nada em troca porém, o agradeço todos os dias porque sei que é o mínimo que posso fazer por alguém ter sido sacrificado por mim. E aprendo que mesmo não gostando das atitudes de muitos, farei o máximo para que esses tenham um bom pedaço do meu coração.

Não quero ser o bonzinho, nem tentar me aproximar de ser Jesus. Apenas quero provar desse remédio que machuca, dói e mata, mas quando cura, é para sempre.

domingo, 1 de junho de 2008

Sanguessugas

Às vezes me deparo com situações nesses tempos modernos que acabam me deixando de cabelos em pé. Por mais que tenhamos evoluído, parece que alguns ainda insistem em ficar pra trás. Viver aquela vidinha feudal, onde não se tinha o que fazer e o único divertimento eram as pessoas a sua volta.

Tem gente que só vive da vida da gente. Verdadeiros sanguessugas de idéias, lançadores de olhares invejosos. Aqueles que por não conseguir nada na vida se acham no direito de importunar e praguejar a do outro. Acredito que se o tempo perdido com essas bobagens fosse gasto em idéias inovadoras, esses seriam os mais ricos.

Mas não. Pra que pensar, não é? Cansa, dói o cérebro (se é que existe ainda algum resquício de massa encefálica nesses seres), estressa, dá dor nas costas, nos olhos, aí você acabará precisando usar óculos. Ah, deixa pra lá. Melhor ver “Big Brother”. Ao menos saberei mais da vida do meu vizinho do que da minha e depois farei comentários aos meus colegas e ficaremos tentando adivinhar como é que ele conseguiu aquele carro novo tão rápido.

Se eu pudesse colocar aqueles smiles do MSN aqui, vocês já veriam a cara que eu fiz quando completei a afirmação acima. Mas, como nem tudo é perfeito e eu não estou num chat, fica a seu critério rotular.

Parece-me que daqui algum tempo existirão faculdades de Como Cuidar da Vida dos Outros. Esses de hoje serão os professores de amanhã. Verdadeiros experts em fofoca, mentira, invenção de moda e falta de ter o que fazer.

Eu, graças a Deus, nasci com bom senso. E pretendo continuar assim. Por mais que tentem me corromper, eu não cedo. Prefiro sofrer a dor das chibatas a me render a pessoas tão medíocres e mesquinhas que, só porque não entendem algo, saem correndo.

Já dizia o ditado: “se estás no inferno, abraça o capeta”. E eu digo: Sai pra lá! Se eu for abraçar todos esses demônios estarei perdido. Prefiro ignorar e aproveitar as chamas para me aquecer e não me queimar. Como uma amiga já me disse, Deus está vendo. E acredito que sua visão vai bem além.

Cometo meus erros, pecados e faço um monte de besteiras. Porém, eu consigo me perdoar e quase nunca machucar ninguém. Se tem uma coisa que não tolero é colocar inocentes em situação de perigo apenas para inflarmos nossos egos. Não há atitude tão baixa. Desprezível.

Só quero ser feliz. É pedir demais? Paz, tranqüilidade, sossego e amizades verdadeiras? Isso me fez lembrar um texto do Vinícius, Procura-se Um Amigo. O meu seria: Procura-se Um Amigo INTELIGENTE.

Mas, como Cristo teve que carregar sua cruz, eu também tenho a minha. E pesada ou não, sei que tenho forças o suficiente para segurá-la firme. Caso contrário não teriam me dado.

Poder enxergar além do corpo físico, ver o que os outros não vêem não é pra qualquer um e nem sempre é um dom, pois há momentos que preferia ser ignorante. Mas esses momentos passam e eu volto ao normal, ainda bem.

Já sei o que irão dizer: “Aaahh ele se acha!”

Não, eu não me acho. Já me encontrei. O problema que coloco aqui é que existem alguns que ainda não se encontraram e garanto que também não se encontrarão na vida alheia. Aliás, nem se procuram.

Quem procura, acha e quem não arrisca não petisca. Ditadinhos à parte, acredito que o caminho seja esse. Bom, pelo menos deveria ser, ou o meu foi assim. Não sei. Se você está confuso, então pare e pense no que anda fazendo atualmente.

Se você se pegar sabendo mais do trabalho do vizinho do que o seu, é sinal que ou você é um super gênio ou deveria virar a cabeça pra frente antes que lhe dê um torcicolo.

Deixo aqui um último ditadinho que aprendi com uma antiga professora, muito sábia por sinal: “O que não lhe pertence não lhe fará falta”. Fica então para todos pensarem a respeito.