domingo, 13 de abril de 2008

Preciso

A cada dia sinto mais a necessidade de saber que ainda estou vivo. De saber que posso morrer a qualquer momento e deixar de aproveitar o que ainda me falta. Sinto essa queimação, essa impaciência quanto às coisas do mundo.

Vejo que muitos me julgam por não viver com cuidado. Por gostar de aventuras, por ser um pouco louco. Por pegar minha moto e sair a 200 por hora, mesmo sabendo que em uma fração de segundo posso ser feito em pedaços. Basta um erro.

Quando digo então que adoraria pular de pára-quedas ou mergulhar junto aos tubarões aí sim me taxam de louco. Mas as pernas tremendo na porta do avião ou o coração disparado a beira do barco... Ah, não tem preço.

A vontade de desistir na hora H, o filme de sua vida passando pela cabeça, justamente para lembrar os melhores momentos caso algo saia errado. O salto, o mergulho, a certeza.

Ao contrário do que os outros vêem, isso me faz sentir vivo. A adrenalina, o risco, a possibilidade. Tudo um jogo de situações que somados mostram que apenas sou mais um ser feito de carne e osso.

Não me entendam mal. Não faço as coisas de forma inconseqüente ou não me importo com a minha vida nem com as pessoas que gostam de mim. Muito pelo contrário. São nelas que penso e são elas que controlam minha intenção.

Fico imaginando se algo acontecer durante uma das minhas aventuras. O que irão falar? Quantos irão chorar ou rir? Como serei julgado? Quais comentários farão a respeito da forma que vivia? Não me importo. Só me importaria se levasse alguém comigo. Aí não dormiria em paz.

Quero que todos os que gostam de mim, de uma forma ou de outra, saibam que o que me faz ainda vivo são vocês. São as pessoas que me fortalecem e que estão presentes nos meus dias de qualquer forma.

São os abraços, os beijos, o “bom dia”, as brigas, os conselhos, os olhares, a preocupação. Jamais irei testar a paciência de Deus quanto ao meu destino. Pretendo incomodar o mundo por pelo menos 70 anos mais.

Pretendo ficar ranzinza, usar óculos fundo de garrafa e bengala (mas isso quando fizer 100 anos, antes não), ter um milhão de netos os quais irei resmungar os nomes por suas travessuras, possuir filhos que cuidarão de mim e brigarão comigo por ainda subir numa moto com essa idade e uma esposa que fique ao meu lado mesmo sabendo que eu mais babo do que falo.

Como todos, tenho meus planos. Se Deus irá atendê-los? Não sei. Por isso vivo hoje cada dia como se fosse o último, para nunca me arrepender do que eu ainda não fiz. E se um dia algumas das minhas aventuras derem errado, não chore, não tenha raiva de mim, não me chame de inconseqüente.

Pois no fundo, exatamente naquela fração de segundo, foram vocês, um a um, que me mostraram que um dia eu realmente vivi e fui importante para o mundo de alguma forma.

“Navegar é preciso, viver não é preciso”

2 comentários:

Mary Costa disse...

Adorei...

Anônimo disse...

o mundo precisa ler isso